26.5.10

Suspiro de Maçã assada e Coalhada

O titulo engana, não será uma receita do verdadeiro suspiro, aquele de clara de ovos, o suspiro é porque é leve e gostoso. Esse prato pode ser comido tanto na sobremesa quanto naqueles dias em que estamos sentindo falta de um calor maternal ou do colo do amado.

Pode-se usar o yougurte de supermercado, mas eu ainda prefiro a coalhada caseira feita com leite gordo ( sem o coagulante, por favor, que deixa uma textura grossa e gelatinosa). Passo a receita depois.

Primeiro escolha umas boas maçãs, de preferência maduras, pode ser a da Mônica também caso esteja em dúvida sobre qual comprar. Eu faço com a Fuji, que é grande, suculenta e doce.

Antes de colocar as maçãs no forno, com uma faca de legumes – aquela pequena,- ou um “furador” de maçãs, corte ao redor do talo, na vertical, (atenção para não perfurar completamente) criando um cilindro pra dentro dela. Ali, iremos colocar um pouco de mel ou açúcar. Tem quem goste com canela também.

Depois de fazer o furinho nela e ter acrescentado o mel, levar ao forno quente ( entre 180 e 200 graus) por mais ou menos 40 minutos. Deve ser tempo suficiente para que ela cozinhe.

Depois é só colocar um pouco de coalhada na cumbuca e a maçã no meio, sendo banhada pela coalhada. Sirva quente.

Uma dica: pra quem gosta de bolo caseiro tipo os feito de yogurte, uma fatia bem quentinha também orna com este prato. Delícia pura.

19.5.10

O Ovo Frito que eu nunca fiz pro meu Pai

Tem muita gente que não come ovo frito porque acha que não é saudável. Do meu ponto de vista, tudo é saudável, contanto que se coma na medida. Estar feliz é melhor do que ficar deprimido por não comer aquela delicinha que você viu na vitrine de um bar. Não precisa comer ovos fritos todos os dias, nem hambúrguer e nem tabletes inteiros de chocolate. Porém indulgencias fazem parte da vida, e temos que estar preparados para elas.

Existe um método de grelhar no qual não é usado nenhum tipo de gordura, normalmente, esta técnica é aplicada para se grelhar proteínas, como o fatídico peito de frango das dietas insossas. Neste caso é usado gotas de água para criar vapor e cozinhar o alimento. É basicamente uma economia de calorias. Como sou viciada em ovos, e quando morei em Madrid, por causa do frio e da saudade, eu comia ovos quase que diariamente, resolvi aplicar esta técnica no meu fritinho de todos os dias.

Meu pai sempre reclama que eu nunca fritei nem um ovo pra ele, além disso, reclama q não consegue mais perder a barriga. Então esta receita, eu dedico a ele.

Se você não tiver uma boa panela de teflon, nem tente fazer este ovo, como não vai gordura, ele pode grudar inteiro no fundo da panela. Porém em qualquer supermercado é possível comprar uma frigideira para ovos, não precisar ser a cara.

O ovo frito é feito em dois tempos: Primeiro a panela deve estar infernalmente quente, fogo médio pra alto pra criar o calor, quando perceber a quentura, quebrar o ovo e imediatamente em seguida tampar e baixar a chama para branda. Deixe tampada por aproximadamente 1 minuto.

Neste meio tempo irá se criar um vapor que vai cozinhar o ovo, com o calor da frigideira é criado uma pequena crosta na base do ovo que permite que ele não grude na panela. Por isso deve baixar o fogo, para que essa crosta na queime e não endureça muito.

Eu prefiro ele bem molinho, se quiser mais duro, deixe o fogo sempre brando até o ponto desejado.

Camarão Romântico ao Leite de Coco Cremoso

Chamar este prato de romântico faz jus a sua sutileza. Na verdade, ele nasceu de um erro, ou ajuste, de uma outra receita, que no fim deu lugar a esta. Romântico porque é suave, despretensioso, sutil e alegre. Uma oferenda ao paladar e aos comensais. Aqui, este prato serve bem, mas não empanturra 3 ou 4 pessoas. Acompanha o arroz no chá, a receita ta aqui, no blog mesmo!

Camarão com leite de coco é uma receita pra lá de manjada. Mas dá pra tornar ela ainda mais gostosa, transformando o leite de coco em um creme. Pra 500 gramas de camarão pequeno e descascado eu usei 2 vidros de leite de coco, da Sococo mesmo. Tente comprar o camarão fresco ao invés do congelado, este segundo as vezes retém muito mais água e demora mais para cozinhar.

Primeiro refogue numa panela uma cebola e umas duas cabeças de alho com azeite, tempo suficiente para que a cebola fique transparente no meio e muito levemente dourada nas bordas. Depois que fizer este breve refogado, acrescente o leite de coco, sal e no meu caso, o fabuloso curry indiano, e deixe levantar fervura. Aqui, o fogo dever ser sempre medio. Não queremos que o leite ferva, mas borbulhe e reduza aos poucos.

Pois bem, depois de 10 minutos acrescente os camarões. Na receita original, mais 10 minutos bastariam para cozinhar o camarão, porém, o tempo se mostrou insuficiente, conforme fui deixando o camarão cozinhar, o leite de coco foi reduzindo consideravelmente, até se tornar um creme aguado, dá pra entender? A textura é de um velute, um creminho. Pelo fato do camarão ser cozido e não refogado, fica com a impressão de que está cru, mas não, ao paladar deve estar com gosto de camarão leve e a textura de cozido, apesar da carne não ficar laranja. As vezes um ajuste de sal se faz necessário.

Sirva com arroz ou couscous marroquino, sem grandes temperos. O sabor adocicado do coco deve predominar a cena. Vinho branco ou um chá gelado pra beber.

11.5.10

café com pão

Ela passou a manteiga no pão quente
Ele a olhou, incandescente.
Na mordida, estalou.
Foi o coração ou a casca do pão?
No canto da boca, uma migalha.
Posso? E a tocou.
Antes da chegada do café,
Já estava apaixonada.

O Nascimento da Fome

A boca se abriu, bem redonda e perfeita. Aos poucos, uma espuma branca e grossa começou a se formar nos cantos laterais. Essa espuma, borbulhante, foi escorrendo lentamente de cada lado e se juntou na base do queixo formando um fio viscoso, semi-transparente; o fio foi se alongando, descendo, descendo, até pousar na base do prato, criando uma pequena poça de água gelatinosa.

Os olhos, se arregalaram estranhamente, deixando as órbitas um pouco saltadas para fora. Agora o olho está mirando o prato vazio, bem no seu centro, a poça. Aqueles olhos não conseguiam se fechar, os cílios formavam uma moldura também perfeitamente redonda. Imperturbável, seco, sem lágrimas. Olhos estatelados, vidrados no nada daquela cerâmica branca, igualmente circular. Em uma tentativa de lubrificação, rapidamente as pálpebras se fecharam para logo em seguida abrir novamente, e de novo, a cada poucos minutos. Em cada piscada, nada mudava. A esterilidade do prato parecia eterna.

Uma língua rosa e muscular saltou por entre os dentes, lambendo finalmente aquele resto de baba, olhos piscam, silêncio, o ambiente se amplia e tudo parece muito maior. O ouvido direito, que antes estava adormecido, agora fica atento, acompanha ao fundo o som grave e baixo do vapor saindo de alguma panela. O agudo e quebradiço frigir do alho na manteiga. A espera é amarga, pensaria, se assim pudesse pensar. A mão que antes estava parada agora segura com firmeza a colher, com ela, bate no prato, na mesinha. A outra mão sacode, impaciente, o guardanapo de pano.

A porta da cozinha finalmente se abre, inundando a sala de jantar com uma onde densa de perfumes quentes, salgados, acebolados. Os olhos então páram fixos naquela porta, o coração bate doce dentro do peito, as mãos agora sacodem o ar. E então eis que surge imaculada em um avental branco, a mãe. A cabeça toda olha para um lugar só, esperando aquele corpo grande se aproximar. Primeiro sente alegria e em seguida, ao ver que ela nada trazia nas mãos, seu rosto se contorce levemente de desgosto. Dá, dáááá. Ergue os dois braços. Me tira daqui, me leva.

Quando a mãe finalmente o tira da cadeirinha, já não pode mais esperar, com força, tenta puxar a gola da mãe, levando a cabeça diretamente para os peitos, lindos, salientes, cheios de leite. Ma-ma, ma-ma. A boca volta a salivar, agora, na blusa da mãe. Não filho! Não vai mamar, não. Papinha. Tenta novamente, tudo o que quer agora é leite, é chupar com toda a força e ansiedade, a única coisa que não precisaria nunca ter que esperar, pois já estava lá, desde seu nascimento. Sem sucesso, sua cabeça pende cansada no ombro, rola para um lado e para o outro, fazendo da testa um pendulo. Numa última tentativa desesperada, crava seus dois únicos dentes na carne materna. Dá, dááá. Será isso a fome?

Sua mãe o segura com firmeza, sente um suspiro passar ao longo do seu pescoço. Agora está sendo levado para dentro da cozinha, o calor aumenta. Não pode ver o que acontece à suas costa, mas percebe tensão. O tilintar de algumas panelas, a colher raspa o que parece ser um fundo de metal. Cheiro de coisa queimada. Por algum motivo, começa a chorar. Shhh, quietinho, a mamãe queimou o arroz. Agora quer voltar para a cadeira, quer ficar longe do fogão, alguma coisa espirrou nas suas pernas e a dor é a mesma que a da agulha do médico. Shhh, o consolo vem em forma de cenoura crua.

Ah, aquilo deveria ser fome. Mastigava com desespero a cenoura que estava bem doce e crocante. Seus dentes não chegam a mastigar, mas sugam com força o caldo. Para demonstrar satisfação, joga a cenoura na parede. Dá-dááá. E ri alto, bem agudo. Agora seus olhos buscam os olhos da mãe, se pergunta onde foi parar a cenourinha, que estava bem aqui, nas suas mãos. Sua boca demonstra insatisfação aponta pra panela, dáááá. Não entende. Dentro dele algo arde com insistência, a fome é de lascar, nada pode fazer. Joga a cabeça mole para traz; primeira um suspiro para logo gritar a plenos pulmões. Revolta e dor.

Com delicadeza a mãe envolve sua cabeça com uma de suas mãos, tentando consolar o inconsolável. O outro braço envolve seu pequeno corpo e agora, ele pode ver o teto com mais clareza. Os olhos dão voltas nas órbitas, teto, mãe, peito, se contorce um pouco e pode ver o fogão, sua testa franze. Vem, vamos mamar, shhh, quietinho. A mão que estava em sua nuca agora puxa a camisa para baixo e deixa a mostra um grande peito cheio de leite. O bico rosado é da cor de sua boca. Tudo se faz paz, tudo é sereno. Suas bochechas começam a corar, a boca saliva agora mais do que nunca, bem aberta, ela envolve o peito e com obstinação de quem sabe o que faz começa a chupar. Às vezes vira o rosto e solta o bico, respira fundo e recomeça.

A vida poderia acabar aqui, pensaria. Olha para o rosto da mãe com serenidade e amor. Seus olhos começam a fechar, um pouco do leite quente escorre pela lateral de seu pescoço e encosta na sua orelha. Aos poucos, o som da panela de pressão já quase não se houve, com um pano de prato limpo, sua mãe cobre seu rosto. Pena que não pode ver o sorriso de sua mãe, que agora o leva de volta ao berço e se corre para tirar a carne que assa no forno.

10.5.10

Festa em 4 Tempos

É muito comum chegar em festas e ter aquele enorme sanduíche de metro com um recheio de sabor nulo e um pão completamente úmido esperando ser comido. Intermináveis potes com castanhas e batata chips, guacamole, patê de azeitona, tudo meio já pronto, já comprado ali, na padaria do lado. Não estou desmerecendo estes produtos, porém, acredito que uma festa para alguns amigos merece algo de mais especial, porque, todo o resto, pessoas e bebidas já estarão por lá, agora, quando alguém se propões a cozinhar alguma coisa e oferecer aos amigos, de alguma forma se torna um tipo presente. Um pequeno agrado aos convivas ali presentes.

Pra quem tiver paciência para cozinhar, existem vários tipos de pequenos pratos fáceis de fazer, é claro que isso irá tomar um tempinho, dependendo do que for servido, mas o esforço é sempre válido e a festa fica com uma cara mais pessoal.

No fim de semana eu preparei quatro pratos, diferentes uns dos outros para serem servidos no aniversário de minha prima. Foram estes: palitos de aspargos com presunto cru, patê de berinjela com cúrcuma, manjericão e coentro; espetinhos de frango com pimentão e pimenta biquinho e petiscos de massa folhada com mix de cogumelos.


Espetinhos de Frango


Quando for preparar os espetinhos de frango é legal deixar eles marinando de um dia para o outro, assim o tempero tem tempo para penetrar bem na carne. Eu usei uma bandeja inteira de frango, aproximadamente um quilo de peito e 3 pimentões, pode-se colocar outros vegetais nos espetos. Corte os pedaços de frango em cubos, bite-size, faça o mesmo com os pimentões e reserve em uma bacia.

Para a marinada foi usado 3 dentes de alho amassados com sal, curry, e manjericão fresco e uma boa quantidade de azeite de oliva. Ponha tudo num macerador e triture até que todos os ingredientes estejam bem misturados. Misture ao frango e deixe na geladeira até a hora em que for realmente grelhar.

Use os espetinho de churrasco para fazer este petisco, coloque dois cubos por porção, intercalando com os vegetais, use as duas extremidades do espeto pois ele será quebrado ao meio, formando dois espetos menores. Quando todos estiverem pronto, grelhe numa frigideira grande e bem quente com um pouco de azeite. No final, orne a ponta do espero com uma pimenta biquinho. Uma dica: não coloque a pimenta na marinada e nem quando for grelhar o frango, com o calor, as sementes soltarão o óleo da pimenta que dá a ardência, podendo deixar o frango um pouco picante demais.



Patê de Berinjela


Esta receita eu usei do Jamie Oliver, mas algumas variações. 6 berinjelas dá para fazer duas porções bacanas de patê. Se colocar um pouco de pasta de gergelim, vai parecer com o babaganush árabe.

No forno pré aquecido, coloque as berinjelas para assar, fechadas. Para que não aconteça de elas explodirem dentro do forno, faça uma pequena incisão em forma de cruz na ponta oposta ao talo. Deixe assar por uma hora para que a polpa dela fique bem cozida.

Quando sentir com um garfo que está macia por dentro, retire elas do forno e abra ao meio, com cuidado, para não se queimar, use uma colher para recolher o miolo, que deve estar fácil e solto. Coloque então a polpa num liquidificador com um fio de azeite, 2 dentes de alho, sal , pimenta e pitadas de cúrcuma e bata até que fique uma pasta homogênea. Há a possibilidade de fazer isso tudo não, para que se preserve as sementes, se for feito assim, macere o alho com um pouco de sal e azeite antes e adicione ao patê. No final de tudo, use o suco de 1 ou 2 limões para que a berinjela não escureça de mais. Antes de servir, pique um punhado de coentro, manjericão e salsinha e jogue por cima.




Palitos de Aspargos com Presunto Cru

Fácil de fazer e super sexy, os palitos de aspargos impressiona qualquer um, tanto pela simplicidade do preparo quanto pelo sabor. Use de preferência um presunto cru bom e peça para ser fatiado bem fino, aqueles que se compra pronto normalmente vem um tanto grosso e fica difícil de enrolar nos aspargos depois.

Primeira coisa a se fazer é cozinhar os aspargos em banho maria, durante uns 5 minutos, quando estiverem tenros o suficiente, corte o processo de cozimento deles afogando os pequenos numa bacia com água e gelo. Na seqüência, enrole com cuidado as fatias de presunto no corpo do aspargos, deixe o broto da ponta aparecendo para ficar bonitinho.

Quando todos estiverem prontinhos, pegue uma frigideira e esquente com um fio de azeite, assim que quente, com muito cuidado para não desenrolar os presuntos, coloque os palitos na frigideira.

A idéia é dar um susto, de modo que a gordura do presunto derreta um pouco e o seu sabor se misture com os aspargos. O presunto vai grelhar bem pouco, é pra ficar meio roseado, mas não frito. Quando o presunto cru é aquecido ele perde um pouco da resistência das fibras da carne de modo que será travada uma luta toda vez que se der uma mordiscada no aspargos, o presunto vai se desfazer junto. Se alguém gemer de prazer, não se assuste.

Petisco de Massa Folheada com Mix de Cogumelos


Esse prato é um pouco mais demorado porque exige alguns fornos, como no nosso caso de reles mortais que não possuímos aquele forno industrial. De qualquer forma, sempre impressiona uma massa folheada, que no geral, as pessoas pensam serem somente possível de comer em festas e coquetéis chiques.

Antes de mais começar, já aqueça o seu forno a 200 graus.

O meu mix de cogumelos foi shitake e portobello, para fazer 40 torradas, foi usado 3 caixas de cogumelos. Bem picadinhos, colocar em uma travessa e regar com a seguinte mistura batida num processador: 3 dentes de alho, azeita, sal, pimenta do reino, e pimenta dedo de moça ( sem sementes) bem picadinha que é melhor acrescentar na segunda etapa. Depois de verificar que todos os cogumelos foram tocados pela misture, coloque no forno pré-aquecido a 180 graus por aproximadamente 30 minutos. É natural que solte uma água e se forma um pequeno lago, por isso que assamos sem papel alumínio

Use aquela massa folheada que vem em rolo e siga as instruções da embalagem. Se a sua pia for de mármore, melhor ainda. Desenrole a massa no mármore e com uma faca corte em quadrados, não sou boa de número, mas o tamanho deve ser suficiente para uma colherada de chá cheia de cogumelos. Fica a seu critério.

Forre uma assadeira com papel manteiga e assim que cortar toda a massa, com delicadeza – pois ela tende a ficar bem mole elástica - disponha os quadradinhos na forma. Neste momento, o forno deve estar bem quente. Com uma colher, coloque porções dos cogumelos na massa e imediatamente ao forno. Não deixe a próxima leva de petiscos pronta para ir ao forno, a água do cogumelo vai penetrar na massa folheada e ela não vai crescer, ficando dura e furada embaixo. Vai por mim. Prepare uma leva por vez, antes de assar. O tempo no forno é de aproximadamente 20 a 25 minutos.

Quando retirar, espere esfriar um pouco , se quiser, salpique o acepipe com salsinha e cebolinha.

7.5.10

Café da manhã pra dois

O café da manhã é a refeição mais importante pra mim. Meu corpo só começa a funcionar depois da primeira xícara de café. Durante a semana sigo com o trio básico café com leite – pão com manteiga – suco de frutas. Mas nos fins de semana, a preguiça desses dias nos permite algumas indulgências. Estando a dois, fica ainda mais gostoso e romântico compartilhar uma bom café com algumas gostosuras e travessias.

Tomates Recheados

O tomate já é por si só uma fruta suficientemente sexy de se comer, recheado com um bom curry indiano é uma prova de amor. Basta retirar o seu tampo com cuidado e com uma colher cavar o seu interior, aproveitando tudo, cada semente. É bom colocar um pouco de sal e curry nas paredes do tomate e deixá-lo com a abertura para baixo, drenando um pouco a água. A polpa que foi retirada deve ser misturada com um pouco de farinha de pão torrado, pra dar uma certa consistência de massa. Um pouco de alho picado, pimenta do reino e curry . Essa mistura deve ser aquecida até começar a exalar perfume. Depois é só rechear os tomates, colocá-los num refratário e mandar para o forno, o suficiente para que o tomate esteja com as paredes tenras, em media, 15 minutos no forno alto. Para que ele fique em pé, corte, com cuidado para não furar o fundo, uma base.

Para acompanhar os tomates, ovos. Gosto muito de ovo quente, com palitos de pão italiano torrado, mas acho ainda mais gostoso as torradas espanholas.

Torradas Espanholas

Este prato me acompanhou a vida inteira, primeiro minha mãe sempre fazia pra mim nos cafés da manhã de domingo e depois me tornei viciada neste prato, o segredo é fazer as torradas firmes, isto pode ser feito tanto na torradeira ou então como faço, na frigideira, com manteiga.

Primeiro é preciso furar o pão de forma com um copo ou algo que tenha o formato redondo, fazendo um olho no centro do pão. A frigideira tem que ter tamanho suficiente para que ele caiba pois primeiro vamos fritá-lo com manteiga. Ela já deve estar derretida , não se preocupe se um dos lados do pão absorver quase toda a manteiga, a frigideira ainda fica untada e bem quente, de modo que será possível torrar os dois lados. Não se esqueça de torrar também a parte extraída.

Quando os dois lados estiverem firmes e dourados, pegue um pedaço de manteiga, do tamanho de uma colher de sobremesa e jogue no centro do pão, ela vai derreter bem rápido, mas antes que ela escorra pelas bordas, quebre o ovo neste buraco, abaixe o fogo e use uma tampa pra criar vapor e cozinhar o ovo. Eu prefiro com a gema bem mole. Aos poucos o ovo vai cozinhar, fique atento para que não fique queimado por baixo, em media 5 minutos é o suficiente. Antes de servir coloque uma pitada de sal e pimenta do reino, a pimenta calabresa também fica bem gostosa.

É uma gostosura perfurar aquela gema mole com a tampinha de pão e depois, ir comendo aos poucos o resto do pão com o ovo. Tente em uma garfada colocar um pouco do pão torradinho, molhado na gema e uma mordida do tomate recheado. Sublime.

Outra opção para quem não curte o tomate recheado, é fritar na frigideira com azeite, fatias bem grossas de tomate com algumas gotas de molho inglês, sal e pimenta calabresa. Este também acompanha bem as torradas espanholas.

6.5.10

Bisnaguinha de Chocolate Garoto

Esqueça os croissants de chocolate de padaria.

Esta é rápida e curta e resume grande parte das minhas noites que passei na casa de meu pai quando criança. Formiga que ele é, nunca faltou um chocolate discretamente guardado nas profundezas do criado mudo, e nunca faltou também bisnagas de padaria com glacê de açúcar, picolés de danoninho, petit fours de confeitarias chiques, jujubas e toda a sorte de laricas.

Pode ser apreciado tanto no acordar quanto na hora de dormir, ou entre um stop e outro do filme de domingo, acompanhado de qualquer coisa deliciosa, de café quente a chá de jasmim. Fica a gosto do freguês os acompanhamentos.

A dupla dinâmica se resume a simplesmente bisnagas Seven Boys e Batom Garoto. Você pode abrir a bisnaga com uma faca, mas se for dos meus, e seguindo o purismo da tradição, pode-se enfiar com carinho o chocolate na bisnaga, fazendo um mini hot-dog. Colocar no forninho elétrico e esperar que a bisnaga fique levemente crocante e o chocolate mole.

Uma única dica útil: não se contente com apenas um.

O Sanduíche a La Perfeição ou Saduíche divino de cogumelos

Terça-feira fui convidada para um pequeno jantar na casa do meu amigo Rafael, onde outro amigo dele ia cozinhar para nós, a coisa prometia: sanduíche de cogumelos portobello e escondidinho. Nada de mais aparentemente, pensei. Chegando lá averigüei a cozinha e conferi que realmente Rafael não estava de brincadeira – só pecou por não me dar nenhum petisquinho de entrada, (fica a dica, Rafa).

A tortuosa espera valeu mais do que a pena, valeu cada segundo e cada mordida naquele suculento sanduíche feito no pão francês mais fresco e crocante que comi nos últimos tempos. Depois de tomar algumas caipirinhas de cachaça mineira com cupuaçu e laranja lima, de autoria de Rafa, eis que sou convocada a participar do processo de preparo da delicinha.

A principio não precisa entupir o pão de cogumelos, alguns mais parrudos já marcam presença. Depois de tirar os talos e posicioná-los de barriga pra baixo, deve-se recheá-los com uma pasta feita de manteiga, alho, dedo de moça, picadinha, cominho e, acredito, uma pitada de sal. A mistura é muito simples e é pra dar o tom ao prato, não precisa besuntar todo o cogumelo com grandes bolotas de pasta de manteiga; na sequência, colocar o refratário no forno quente. Como sempre, pré-aquecido a 180 graus. Os cogumelos devem ficar assando até que a carne esteja cozida e macia ao toque, mas não muito macia, o gostoso do portobello é ter alguma resistência ao morder.

Passados aproximadamente 25 minutos, os cogumelos deverão estar pronto. Basta abrir o pão francês e colocar algumas chapeletas, junto aos cogumelos, colocar folhas de rúculas, as orgânicas de preferência, que são pequenas e bem picantes, colocar também, cebolinhas bem picadas. Pra quem gosta de um pouco de umidade no próprio pão, pode passar mais um pouco da manteiga no miolo.

Logo na primeira mordida, os sabores todos explodem na boca, as folhas e o pão ressonam crocantemente – licença poética aqui- entre os dentes e contrastam com a maciez suculenta dos cogumelos. Eu nunca havia usado cebolinha como uma guarnição verde em nada, pra mim, foi uma absoluta surpresa e deleite. O prato não precisa de mais nada que um par de bons de amigos e uma boa musica, ele por si só já é um pop star.